Largar um cargo estável em uma grande multinacional para recomeçar como júnior em tecnologia parece uma escolha arriscada. Mas foi exatamente isso que João, de Belo Horizonte, decidiu fazer aos 39 anos.
Formado em Administração, com MBA e uma carreira consolidada na área de compras, João passou por empresas de peso, como Líder Aviação, Hotmart, uma multinacional italiana de energias renováveis e, por último, a Stellantis, gigante do setor automotivo.
“Cresci rápido, recebi promoções e trabalhei em grandes empresas, mas nunca estive 100% satisfeito. Gostava de computadores e tecnologia, mas por imaturidade, quando fui escolher o curso superior, segui pelo caminho tradicional.”
O interesse por tech sempre esteve ali, mesmo que de forma tímida. Ele criou sites simples para negócios próprios, aprendeu noções básicas de HTML e CSS por conta própria e, em 2021, um amigo desenvolvedor o incentivou a estudar Python. João gostou da experiência, mas só tomou a decisão de mudar de carreira alguns anos depois.
“Cheguei a pensar: vou começar agora, com 35 anos? Vou ser júnior de novo? Mas percebi que não era sobre dinheiro, era sobre satisfação. Trabalho é vida, e eu queria algo mais prazeroso.”
Na busca por uma formação estruturada, João conheceu os bootcamps. Pesquisou diferentes opções, inclusive presenciais em Belo Horizonte, mas foi a TripleTen que conquistou sua confiança.
“O que me chamou atenção foi a grade, a proposta de metodologia americana e o fato de ser uma empresa internacional. Tenho vontade de trabalhar para fora, então isso contou muito. Até o site bem feito passou credibilidade.”
Ele também destacou o processo de vendas transparente, o suporte de carreira e a estrutura de acompanhamento com tutores e instrutores. “Meu tutor me ajudou demais, sempre disponível no Discord. Isso fez diferença.”
João pediu demissão da Stellantis e se deu um prazo de dois anos para conseguir a transição. O curso durou sete meses e foi um divisor de águas.
“O que mais gostei foram os projetos no final de cada sprint. Sou muito mão na massa, gosto de aprender fazendo. A parte mais difícil foi a transição para JavaScript. No começo, eu não conseguia resolver nada no CodeWars, mas depois de praticar, fui pegando o jeito.”
Apesar dos medos, a idade e a incerteza sobre se gostaria da prática, João persistiu. A experiência em grandes empresas, que ele achava não ter relação, acabou sendo um diferencial durante processos seletivos.
Três meses após a conclusão do bootcamp, João conquistou sua primeira vaga em tecnologia. Hoje, já contratado em um modelo híbrido, ele olha para trás com orgulho da decisão que tomou.
“Se eu não tivesse feito essa mudança, estaria até hoje no mesmo lugar, acomodado, sem perspectiva de crescer. Agora, tenho planos de me desenvolver na área, talvez liderar um time ou até trabalhar para fora, ganhando em dólar.”
Para quem pensa em migrar de área, João resume: “É dar um passo para trás, mas para depois dar vários para frente. Vale muito a pena.”