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Mulheres na tecnologia: cenário, oportunidades e desafios

Talvez seja impossível a gente imaginar um mundo, hoje, sem tecnologia. E aqui estamos falando da tecnologia digital mesmo, como celulares, computadores, internet e por aí vai. A tendência, inclusive, é que isso se desenvolva cada vez mais. 

Mas seja no Brasil ou lá fora, o fato é que o mercado de trabalho na área de programação e tecnologia é majoritariamente composto por homens. Por isso, o ingresso das mulheres na tecnologia tem sido um grande desafio não apenas de oportunidades, mas também de superação de certos preconceitos.

Neste artigo, vamos falar um pouquinho mais sobre a participação das mulheres na tecnologia, como elas se destacam na área da tecnologia e como elas precisam driblar diversos estereótipos.

Mulheres na tecnologia trabalham conjuntas sobre um tablet

Como está a participação das mulheres na tecnologia atualmente?

Apesar de séculos a fio, discussões e muita tecnologia, enfim, a sociedade começou a se debruçar sobre a importância da igualdade de gênero. Por isso, setores em que eram totalmente dominados por homens, como o de tecnologia, passaram a vivenciar também a presença de mulheres.

Uma pesquisa recente da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) mostra que as mulheres na tecnologia são apenas 22% dos profissionais atuantes na área dentro dos países membros. Ao todo, são 38 nações, como:

• Alemanha

• Estados Unidos

• Japão

• Portugal

• Suécia

• Chile

• Colômbia e outros

Ou seja, por mais desenvolvido que seja o país economicamente falando e até mesmo em sua tecnologia, ainda há muitas lacunas sociais a serem preenchidas.

Quando a gente olha para os cargos de liderança em empresas, então, a situação é bem pior para as mulheres na tecnologia. É uma pequena porcentagem de mulheres que estão no topo da hierarquia, ocupando as cadeiras de CEO e CTO, por exemplo.

Não é só tecnologia: mulheres buscam igualdade de gênero

Embora muita tecnologia esteja presente no mundo, de modo geral, muitos países, assim como o Brasil, não conseguem lidar com a diferença de gênero de forma adequada. Uma pesquisa recente da Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostra que de 2012 a 2022, houve uma grande disparidade entre mulheres e homens no ambiente de trabalho.

Dados da FGV sobre oportunidades de trabalho entre homens e mulheres

O desemprego também foi maior para as mulheres, que amargaram 9,8%, contra 6,5% no período de dez anos. E a formação acadêmica e habilidades em tecnologia, apesar de ajudar, não é o suficiente para colocar as mulheres no mesmo patamar dos homens.

Dados da FGV mostram diferença de oportunidades de trabalho entre homens e mulheres

Os dados, infelizmente, mostram que as mulheres precisam não só ter o conhecimento e acesso à tecnologia, mas ainda ultrapassar barreiras importantes para que elas consigam oportunidades minimamente semelhantes aos homens.

Além da tecnologia: barreiras enfrentadas pelas mulheres nas carreiras de TI

Os números anteriores são apenas um retrato estatístico de algo que é muito mais comportamental e social. A falta de igualdade de gênero não tem nada a ver com a capacidade das mulheres, conhecimento em tecnologia ou algo assim. Tem a ver com muito preconceito e algumas ideias que não acompanham a realidade.

Estereótipos de gênero: O gênero de uma pessoa é algo muito utilizado para tentar identificar padrões comportamentais. Há muito estereótipo sobre as mulheres – que não condizem com a realidade –, mas que são utilizadas para descrever suas qualidades técnicas e conhecimentos em tecnologia. Mesmo que para isso sejam usados argumentos estúpidos e não vinculados à atividade, como “sensibilidade” ou “paixão”.

Discriminação no trabalho: Além de trabalhar diariamente e ter boas ferramentas de tecnologia, as mulheres precisam enfrentar comentários jocosos, preconceito, assédios moral e sexual e também a escassez de oportunidades.

Desigualdade salarial: Também de forma equivocada, o gênero é responsável por guiar o salário da pessoa. No caso das mulheres, há uma disparidade grande entre os salários, se comparados com os homens. As remunerações chegam a ser 30% menores, pelo simples fato de a profissional ser uma mulher, mesmo que ela apresente conhecimentos em diferentes tecnologias.

Representatividade: Como os dados mostraram, há poucas mulheres ocupando cargos de liderança em diversas áreas, inclusive a de tecnologia. A falta de representatividade e oportunidades dificulta o progresso de outras mulheres nas carreiras de TI. Isso cria um sentimento de isolamento e desencorajamento.

Vida pessoal x profissional: A sociedade ainda vê a mulher não como uma profissional, mas como uma simples dona de casa. Com isso, as responsabilidades femininas vão além do gênero masculino. Além do trabalho, ela precisa dar conta da casa, filhos e vida social, muitas vezes, sem qualquer ajuda do parceiro e sob forte pressão psicológica. Tudo isso, em meio ao desenvolvimento profissional e aquisição de conhecimento em tecnologia.

Estas são algumas das tantas barreiras que as mulheres precisam enfrentar diariamente, seja na carreira de TI ou não, para conseguir encontrar minimamente oportunidades de crescimento e reconhecimento profissional.

–Des– Igualdade de gênero em empresas de tecnologia

É difícil imaginar que a situação pode ser pior, mas ela é sim. O mercado de desenvolvimento de software e tecnologia é sabidamente composto, em sua grande maioria, por homens. Mas os números assustam. De acordo com o levantamento da 6ª edição do “O Estado do Ecossistema de Desenvolvedores”, as mulheres na tecnologia ocupam cerca de 5% das vagas, contra 93% dos homens.

Mais do que isso, a falta de oportunidades cria uma defasagem muito grande das mulheres na tecnologia. Afinal, 12% das mulheres dizem não ter experiência na área de programação e tecnologia, contra 83% do gênero masculino. 

Essa proporção, porém, fica desproporcional quando aumentamos o olhar para o tempo de experiência. Apenas 7% das mulheres na tecnologia possuem pelo menos um ano de experiência, enquanto apenas 2% ultrapassam os dez anos. O que é bem diferente dos homens, que chegam a 89% e 95%, respectivamente. Isso independe se o conhecimento em tecnologia entre eles for igual.

Nas atividades, as mulheres acabam sendo sub-representadas. Muitas são destinadas a atividades menos técnicas e com menor acesso à tecnologia, como gerenciamento de produto ou até mesmo design de experiência do usuário (UX). Isso acaba gerando uma discriminação grande de oportunidades para as mulheres que gostariam de ter contato com a parte mais imersiva da programação e tecnologia.

Mulheres na tecnologia: inspirações de destaques

Apesar da discriminação em relação à igualdade de gênero, as mulheres conseguiram brilhar mesmo assim. E há muitos exemplos de como as mulheres na tecnologia proporcionam inovações incríveis.

Ada Lovelace (1815-1852): Lovelace foi uma matemática e escritora britânica. Porém, ela é, de fato, conhecida como a primeira programadora do mundo, se tornando referência na área de tecnologia. Ela atuou diretamente no projeto de máquina analítica. Suas anotações, inclusive, são consideradas os primeiros algoritmos projetados para serem processados por um computador, um avanço para a tecnologia da época.

Grace Hopper (1906-1992): Falando em tecnologia, a pioneira da programação em computadores, Hopper se destacou por não só por ser uma das primeiras programadoras de Harvard, como ainda desenvolveu o primeiro compilador de tecnologia para a linguagem de programação COBOL.

Sheryl Sandberg: Uma raridade, Sandberg trabalhou como COO da Meta Platforms até 2022. Apesar de ter atingido um dos cargos mais altos da empresa de tecnlogia , ela usou – e ainda usa – sua posição para lutar pela simetria de gênero, redução da discriminação e capacitação das mulheres na tecnologia.

Susan Wojcicki: Assim como Sheryl, Susan foi uma das primeiras funcionárias da área de tecnologia do Google e CEO do YouTube até 2023. Uma grande defensora da diversidade de gênero, Wojcicki trabalha para levar mulheres a cargos de liderança no setor de tecnologia..

Poderíamos ficar horas aqui falando sobre várias inovações promovidas pelas mulheres na tecnologia. Fato é que, mesmo com poucas oportunidades e muita discriminação, elas ainda conseguem alcançar níveis de atuação extremamente altos.

Possíveis soluções para a carreira das mulheres na tecnologia

Os exemplos citados anteriormente mostram que é possível encontrar sucesso pelas mulheres na tecnologia. Porém, o caminho para a igualdade de gênero ainda é muito grande e criar oportunidades passa por um grande programa de incentivo e apoio.

Uma forma de mitigar esses danos pode ser a partir de programas de mentorias em tecnologia. Eles podem orientar e dar suporte personalizado às mulheres que buscam desenvolver suas habilidades técnicas e de liderança. É possível ainda criar networking que facilitem seu reconhecimento e tragam visibilidade aos seus trabalhos na área de tecnologia.

Da mesma forma, comunidades específicas para mulheres na tecnologia podem ser um espaço seguro para compartilhar experiências, pedir ajudas, indicações, cursos e até gerar novas conexões profissionais para ter acesso a novas oportunidades dentro do setor de tecnologia.

Essas medidas, porém, ainda são muito isoladas. E um treinamento dos profissionais pelas empresas sobre diversidade de gênero é um passo importantíssimo. Ao mesmo tempo, o desenvolvimento técnico das mulheres, a partir de cursos especializantes em tecnologia, também aumenta o suporte que elas podem ter no ambiente de trabalho, assim como novas oportunidades.

Por fim, podemos citar um bom equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Afinal, com todo o avanço da tecnologia, a exigência técnica e disponibilidade de tempo deve ser igual entre os gêneros. Da mesma forma, as rotinas em casa precisam ser divididas igualitariamente. Apesar de isso não passar diretamente pelo ambiente de trabalho, a forma como as mulheres são cobradas em suas vidas profissionais e pessoais mostra como a sociedade as enxerga – de forma bastante equivocada.

É fato que os pontos levantados nesta discussão ainda são muito pequenos perto do tamanho da luta que as mulheres precisam enfrentar diariamente nas empresas de tecnologia. A sociedade precisa de uma mudança significativa para perceber que diversidade não é “mimimi”, mas, sim, uma busca por direitos iguais de oportunidades e salários.

Nós sonhamos com um dia em que os números apresentados neste artigo sejam proporcionais e que homens e mulheres possam participar dos diferentes mercados de trabalho, inclusive o de tecnologia, de maneira igualitária. Para isso, empresas, instituições públicas e de ensino precisam de apoio.

A TripleTen Brasil respeita e atua diretamente para o desenvolvimento das mulheres na tecnologia, seja na área de programação ou até com foco em produtos e UX. O ponto é que você pode atuar onde quiser, e a TripleTen vai fazer de tudo para te ajudar a trilhar este caminho!