
Quando se inscreveu em um bootcamp da TripleTen, Rafaela Souza não imaginava que, poucos meses depois, estaria contratada por uma empresa alemã, trabalhando em outra língua e recebendo um notebook direto da Europa para começar seu novo emprego.
“Quando eu comecei o curso, eu não imaginava que as coisas iam acontecer tão rápido”, ela conta. Hoje, aos 26 anos, moradora do interior do Rio de Janeiro, Rafaela já é um exemplo de como estudo, constância e estratégia podem romper barreiras de origem, renda e gênero.
Rafaela nasceu e cresceu em Barra do Piraí, no interior do Rio de Janeiro, em uma região considerada periférica e diretamente impactada pela realidade social e econômica da Baixada Fluminense. Quem vive ali sente na pele como o acesso a oportunidades costuma ser desigual em relação aos grandes centros.
Dentro de casa, porém, havia algo que mudou tudo: acesso à tecnologia. Ela cresceu com computador, celular e internet; não os mais modernos, mas suficientes para conectar uma menina periférica a outros mundos.
Foi pelos jogos, séries, filmes e vídeos no YouTube que Rafaela teve contato com outras culturas, outros países e outras possibilidades de vida. Na tela, via pessoas viajando, estudando fora, trabalhando em áreas que pareciam distantes da sua realidade.
Mesmo assim, nunca achou que aquilo fosse “coisa dos outros”. Desde cedo, cultivou a sensação de que poderia ir além do que era esperado dela.
Dentro da própria família, Rafaela já representava um ponto fora da curva. Ela foi a primeira a entrar na faculdade, em um contexto em que o “caminho padrão” para quem nasce onde ela nasceu costuma ser outro: ensino médio com dificuldade, um curso técnico, trabalho no comércio, salário baixo e poucas perspectivas de crescimento.
O pai, apesar de também ter vindo de uma realidade dura, fez um pacto silencioso com a filha:
“Eu não posso te dar patrimônio, mas posso te dar conhecimento pra você definir a sua própria realidade.”
Ele não permitiu que Rafaela trabalhasse antes de terminar o ensino médio. Só depois dos 18 anos ela tirou a carteira de trabalho. A partir daí, começou uma rotina pesada: acordar às 4h30 da manhã, trabalhar o dia todo, estudar à noite, voltar de van às 23h, dormir poucas horas e recomeçar.
Estudou Logística, depois Psicologia. Sabia que talvez não fosse atuar exatamente nessas áreas, mas via cada formação como um degrau a mais para se aproximar da vida que sempre imaginou.
Enquanto muitos ao seu redor entravam no comércio ou tinham filhos muito cedo, Rafaela buscou caminhos menos óbvios. Conseguiu vagas em multinacional do setor alimentício e, depois, no mercado financeiro.
Ainda assim, a inquietação continuava. Ela sabia que queria trabalhar com tecnologia, algo que sempre esteve presente na sua vida, mesmo sem diploma na área. Era a pessoa da família que resolvia problemas de internet, de banco, de computador, que fazia “suporte técnico” sem chamar assim.
Na prática, Rafaela já se movia como alguém da área de tech antes de ter um título que provasse isso.
Em 2024, parecia que o roteiro clássico do “sucesso” finalmente tinha chegado: Rafaela foi aprovada para um mestrado em Logística na França, com apoio de programas oficiais. Passaporte emitido e planejamento pronto. A mudança estava marcada.
Mas, a poucos meses do embarque, veio a pergunta que mudou tudo: “Eu quero mesmo ser mestre em algo que nunca foi o meu sonho?”
Ela sabia que não. Entendia o peso de um mestrado na Europa, mas também sabia que estava prestes a investir tempo, energia e dinheiro em uma área que não a fazia vibrar.
Rafaela decidiu desistir do mestrado e, com isso, abriu mão de um plano que teria orgulho de contar para muita gente… mas que não fazia sentido para ela mesma.
Foi então que tomou uma decisão que exigiu coragem: usar o dinheiro reservado para a mudança e investir em tecnologia do Brasil mesmo, do jeito que sempre quis.
Com o dinheiro que seria da mudança, Rafaela começou o bootcamp em dados da TripleTen em julho de 2025. A ideia era clara: ter uma formação estruturada, portfólio e um certificado que comprovasse aquilo que ela já cultivava há anos — interesse real e facilidade com tecnologia.
Enquanto estudava, ajustava currículo, organizava portfólio, fortalecia o LinkedIn e, principalmente, se preparava emocionalmente para disputar vagas em outro nível.
Ela entrou no bootcamp já com um objetivo nítido: conseguir um emprego em tecnologia ainda naquele ano, preferencialmente em uma empresa internacional. A rotina não era leve, mas agora o esforço tinha direção. E isso fazia diferença.
Se agosto foi o mês do teste, setembro virou laboratório intensivo e outubro, o ponto de virada.
A partir do momento em que decidiu que iria buscar vagas apenas em empresas de fora do país, Rafaela começou a aplicar para processos seletivos internacionais, americanos e europeus. Nada de enviar currículo “no automático”: para cada vaga, preparação, estudo, adaptação de perfil e muita resiliência.
Em agosto, participou de seis processos seletivos. Em setembro, oito. Em outubro, mais quatro, todos envolvendo entrevistas técnicas, testes e conversas em outra língua.
Do lado de cá, ela ajustava seu discurso, treinava inglês, organizava o portfólio com ajuda da instrutora da TripleTen, que não oferecia apenas suporte técnico, mas também apoio emocional e estratégico.
Até que, em outubro, veio a resposta que mudou tudo: Rafaela foi aprovada em duas vagas internacionais: uma em uma empresa americana de inteligência artificial e outra em uma empresa alemã. Ela optou pela segunda, por estar mais alinhada aos seus planos de futuro na Europa. Notebook enviado, contrato assinado, onboarding confirmado.
“Parece que eu tô vivendo um sonho”, ela conta. “Teve um momento em que eu olhei pro contrato e pensei: ‘isso aqui é de verdade mesmo?’”
Quando fala sobre planos para o futuro, Rafaela não cita apenas salário, cargo ou país. O que ela quer construir vai além da própria trajetória: é uma resposta direta à história das mulheres da família.
Mãe e avó tiveram a liberdade condicionada ao casamento. Em diferentes gerações, dependiam financeiramente de homens e sofreram com controle patrimonial. A ideia de “ser salva” por alguém que oferecesse segurança material sempre foi vendida como solução.
Rafaela decidiu que com ela seria diferente.
Daqui a cinco anos, ela se vê com patrimônio construído, possibilidade real de morar fora se quiser, dupla cidadania no horizonte e, principalmente, liberdade para não depender de ninguém para sobreviver ou tomar decisões.
Mais do que “vencer na vida”, ela quer honrar as mulheres que vieram antes — sendo exatamente aquilo que elas nunca tiveram permissão de ser: livre.
Quando pensa em outras pessoas periféricas que podem estar exatamente no ponto em que ela esteve, com vontade de mudar, mas cheias de dúvidas e medo, Rafaela é direta:
“Não deixe o medo e o comodismo decidirem por você. Se você sente que pode mais, confie nisso. Não é só querer: é se preparar, ser constante e honrar o processo.”
Ela lembra que o tempo vai passar de qualquer maneira. A diferença é o que você escolhe fazer enquanto isso acontece.
A trajetória da Rafaela não é resultado de sorte, é combinação de oportunidade, preparo e muita perseverança. A tecnologia foi o caminho que permitiu transformar desejo em projeto e projeto em realidade.
Se você também quer construir uma carreira em tech, dentro ou fora do Brasil, pode começar do mesmo jeito: com uma formação prática, orientação de quem já está no mercado e um plano claro de ação.
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O primeiro movimento pode parecer pequeno, mas, como a Rafaela descobriu, às vezes ele é o começo de tudo que você nunca imaginou que poderia acontecer tão rápido.